Seções
Você está aqui: Página Inicial Arquivos Renato Dagnino

Renato Dagnino

Por que Capacitação em C&T para o Desenvolvimento Social?

 

A introdução da Linha de Ação Capacitação em C&T para o Desenvolvimento Social no Plano de Ação de CT&I 2007-2010 deveu-se a necessidade sentida pelo País de aumentar o conhecimento existente sobre este tema abarcado pelo seu quarto eixo: C&T para o Desenvolvimento Social. De fato, foi só quando se generalizou a consciência de que é urgente mobilizar nosso potencial de C&T para promover um estilo de desenvolvimento social e ambientalmente sustentável que se evidenciou a escassez de conhecimento que existe no mundo acerca de como lograr esta mobilização. Dois aspectos caracterizam o momento atual: (1) o Brasil alia uma aguda e complexa problemática sócio-ambiental a um potencial tecnocientífico capaz de enfrentá-la mediante a produção de conhecimento para o Desenvolvimento Social; (2) nosso passado mostra que quando houve vontade política para produzir o conhecimento necessário para enfrentar um desafio respaldado por um projeto nacional, esse potencial soube responder a contento. Neste caso, entretanto, o fato do déficit cognitivo, além de ser maior do que aqueles que logramos no passado preencher, é comum a todos os outros países, coloca obstáculos consideráveis. Em primeiro lugar porque a elaboração teórica sobre a relação entre tecnociência e exclusão/inclusão social não é suficiente para possibilitar a formulação dos marcos de referências analítico-conceituais e dos modelos metodológico-operacionais necessários para a produção de tecnociência para o desenvolvimento social. Há inclusive uma parcela considerável da comunidade de pesquisa e dos gestores da PCT que não aceita a idéia de que exista algum tipo de especificidade nesse conhecimento. E, adicionalmente, uma escassa valorização, no âmbito do complexo público das universidades e institutos de pesquisa, das atividades dessa natureza. Em segundo lugar, e por razões similares, está o fato de que não há clareza acerca de como deveria ser a formação dos profissionais que terão que realizar essa produção e de como organizar os ambientes de ensino, pesquisa e extensão correspondentes. E quão multidisciplinares e permeáveis aos atores, valores e interesses ainda deles ausentes eles teriam que ser. Em último lugar, para não fazer a lista longa, porque não há experiência acumulada, nem aqui nem no exterior, acerca de como incorporar a dimensão do desenvolvimento social na elaboração da PCT e de como “fertilizar” as políticas sociais com o conteúdo tecnocientífico que pode torná-las mais efetivas; tudo isso com o objetivo da inclusão social. Talvez pelas dificuldades que envolvem, a percepção já generalizada de que é também necessário inovar no que respeita aos mecanismos institucionais de modo a viabilizar a superação dos dois obstáculos anteriores não se transformou em ação.

 

<- Programação

  

Ações do documento